Os Pavões Brancos

Porque os pavões brancos
na Avenida Pinheiros
sente-se em gaiolas de arame ao lado dos estábulos
eu comparo os seus corpos
a lótus que crescem na lama,
ou para uma cabeça de fósforo
iluminado na escuridão.

Nem sempre foi assim:
durante meses, mal conseguimos vê-los
entre as caudas de cor creme
dos cavalos em miniatura
e só sabíamos que eles estavam lá
porque um sinal em uma poste de cerca
disse “pavões adultos à venda”.

Mas agora,
mesmo aos domingos brilhantes,
eles estouram contra a lama
como faíscas de soldadores
e eu fico acordado, vendo-os
drapeados no nosso corrimão de cedro húmido,
o fardo de beleza deles
como um buraco
perfurado no céu.

White Peacocks

Because the white peacocks
on Lodgepole Drive
sit in wire cages next to the stables
I compare their bodies
to lotuses that grow in the mud,
or to a matchhead
lit in the darkness.

It wasn’t always that way:
for months we could barely pick them out
among the cream-colored tails
of the miniature horses
and only knew they were there
because a sign on a fencepost
said “adult peacocks for sale”.

But now,
even on bright Sundays,
they sputter against the mud
like welders’ sparks
and I lie awake, seeing them
draped on our damp cedar railing,
the burden of their beauty
like a hole
punched in the sky.